22 de setembro, Dia Mundial Sem Carro, sua saúde agradece | Afrilatest

22 de setembro, Dia Mundial Sem Carro, a saúde agradece

O dia 22 de setembro traz a oportunidade para os moradores das cidades do Brasil e do mundo experimentarem uma forma saudável de transporte alternativo. Vá de ônibus, metrô, trem ou bicicleta.

Dia Mundial Sem Carro

O Dia Mundial Sem Carro incentiva os motoristas a deixarem seus carros na garagem por um dia. Eventos são organizados em muitas cidades e países para marcar a iniciativa. 22 de setembro é o Dia Mundial Sem Carro.

O evento promove melhorias no transporte público, no uso de bicicletas e caminhadas. Ele incentiva o desenvolvimento de comunidades onde os empregos são próximos de casa ou até mesmo o trabalho em casa, onde as compras podem ser feitas a pé, a uma curta distância. Estudos mostram que, para viagens curtas nas cidades, a maioria das pessoas pode usar uma bicicleta em vez de um carro.

O Dia Sem Carro permite que os motoristas tenham uma ideia de como seria sua localidade sem carros. Embora vários projetos com essa intenção já existissem antes, começando depois da crise do petróleo de 1973, foi somente em outubro de 1994 que uma chamada para projetos com esse objetivo foi emitida na Conferência Internacional de Cidades Acessíveis em Toledo, Espanha.

Atualmente, no dia 22 de setembro, são realizadas atividades em cidades do mundo todo em defesa do meio ambiente e da qualidade de vida. Além de refletir sobre o uso excessivo do carro, que deveria ser feito por quem dirige todos os dias, é importante mostrar a dependência que as pessoas criaram do carro ou da moto. Ao menos por um dia, todos precisam experimentar formas alternativas de mobilidade, descobrindo que é possível se locomover pela cidade sem usar o carro. Nesse sentido, cidades com ciclovias favorecem a iniciativa e estão ao lado dos projetos mais modernos do mundo.

Dia Sem Carro no Brasil

O evento é realizado em São Paulo desde 2003, tendo sido inicialmente adotado em vários países europeus. Aqui ocorreu de 2004 a 2006, principalmente por iniciativa de ativistas da bicicleta, com apoio da então Secretaria Municipal de Áreas Verdes e Meio Ambiente. Ciclistas paulistas participaram em 2007 e 2008. Desde então, a data ganhou mais visibilidade com a criação do Movimento Nossa São Paulo, que promoveu novas atividades. Outras cidades brasileiras, em vários estados, passaram a marcar a data com pelo menos um Passeio de Bicicleta. Em 2011, em algumas cidades, o Mês da Mobilidade passou a ocorrer em setembro e, com o tempo, a participação foi aumentando.

Mas o carro é um problema?

Talvez muitos concordem que, afinal, usar um carro não parece ser um problema. Mas se pudermos nos afastar do ponto de vista do sujeito individual e analisar a sociedade e o estado das coisas no mundo globalizado, começaremos a ter uma visão geral que é um pouco diferente dos interesses de cada indivíduo.

A maioria das cidades em que vivemos está sendo construída ou remodelada para dar lugar aos carros como prioridade. Na maioria dos países, o transporte público fica em segundo plano em termos de políticas públicas. No Brasil, é o que vemos há décadas, diferentemente de muitos países que deram importância ao metrô, por exemplo. O metrô de Londres, por exemplo, tinha sete linhas e 84 estações em 1900, mais do que o metrô de São Paulo hoje. O metrô de Moscou foi inaugurado em 1835. O metrô de Paris foi inaugurado em julho de 1900 para ser uma atração na Feira Mundial. Mas o metrô de Nova York, nos Estados Unidos, também é notável, com sua primeira linha inaugurada em 1904 e hoje operando 468 estações, 24 horas por dia.

Ao longo do século XX, com o aumento da urbanização, a ênfase das políticas públicas governamentais no Brasil foi facilitar a produção e a venda de automóveis, com incentivos às montadoras e a consequente criação de infraestrutura para que os veículos pudessem circular, com a construção de estradas, pontes, viadutos, etc.

O carro virou sinônimo de liberdade de locomoção, sonho de um país de dimensões continentais. Como a prioridade foi dada ao transporte rodoviário, as ferrovias foram desmanteladas. As rodovias contribuíram para o desmatamento de grandes regiões e as vias públicas urbanas trouxeram o problema da poluição. O investimento em transporte público sempre ficou aquém da real necessidade, o que incentivou a escolha do automóvel como saída para esse gargalo da mobilidade. Chegar ao trabalho e à escola rapidamente e voltar para casa se tornou uma aventura que exige sacrifícios diários.

Quando o carro não anda no labirinto das ruas

Ninguém duvida que o automóvel é uma das invenções mais úteis para a humanidade. Ele cobre distâncias, carrega o peso que não podemos carregar sozinhos, nos leva ao médico, ao trabalho, à praia. Mas quando milhões de pessoas param de andar a pé e começam a usar carros para absolutamente todas as suas viagens, numa proporção de um carro para um passageiro apenas, o que acontece é o efeito oposto da mobilidade: temos imobilidade, ou congestionamento.

O tempo que os moradores das cidades passam em engarrafamentos reduz seu tempo de lazer, aumenta a poluição, a impermeabilidade do solo, o calor nos centros urbanos e a desintegração das famílias, espalhadas entre bairros que agora se tornaram ilhas na cidade. O prestígio, o status e a autoestima que passaram a ser vinculados a um ou mais carros que se possui, aumentam o número de carros nas ruas.

Efeitos da poluição do tráfego na saúde

O congestionamento do trânsito é hoje considerado responsável por estresse, agressividade, violência, doenças respiratórias e cardiovasculares entre moradores das cidades. Entre vários estudos realizados, podemos destacar o trabalho de Steffani Dapper, Caroline Spohr e Roselaine Zanini, da Universidade Federal de Santa Maria e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, “Poluição do ar como fator de risco à saúde: uma revisão sistemática no estado de São Paulo”, que foi publicado no periódico Estudos Avançados em 2016. Os autores mostraram que há associação entre poluição do ar e problemas de saúde nas populações estudadas. A investigação na cidade de São Paulo (SP) mostrou que a exposição à poluição do ar contribui para o aumento da mortalidade e morbidade, especialmente doenças respiratórias e cardiovasculares.

A pesquisa também mostrou que há uma diversidade de doenças, o que demonstra que os efeitos da poluição do ar não afetam apenas os sistemas respiratório e circulatório das pessoas, mas entre as crianças, aumenta o risco de problemas como baixo peso ao nascer, partos prematuros, além de mortalidade por câncer e anemia falciforme.

Infelizmente, apesar de algum progresso em direção a um ar mais limpo, os níveis de poluição existentes continuam a ser prejudiciais à saúde. Políticas de saúde ambiental eficazes são necessárias para garantir um relacionamento melhorado com o meio ambiente, reduzindo a poluição e seus efeitos na saúde das pessoas.

Viajar de carro no dia 22 de setembro, Dia Mundial Sem Carro, deve ser restrito a quem realmente precisa, como idosos, gestantes, pessoas transportando crianças pequenas e portadores de necessidades especiais. Até mesmo caronas são permitidas neste dia.

Passe um dia sem seu carro. Sua saúde, sua cidade e seu planeta agradecerão!