Aluguel de scooters da Uber começam em São Paulo

A novidade é que a Uber foi autorizada a iniciar seu serviço de aluguel de patinetes elétricos na cidade de São Paulo. Mas é bom conhecer as regras e os riscos aos quais o usuário está sujeito.

De acordo com a autorização recebida da Prefeitura de São Paulo, a Uber poderá começar a operar seus patinetes elétricos a partir de 24 de janeiro de 2020. Dessa forma, a Uber inaugurará mais um serviço para os consumidores brasileiros, integrado a esse novo segmento de transporte individual. No entanto, o público ainda não foi informado sobre a data em que os patinetes elétricos estarão efetivamente disponíveis ao público interessado.

A decisão da Prefeitura de São Paulo foi publicada no Diário Oficial. A expectativa é que a empresa comece a oferecer aluguel de patinetes por toda a cidade de São Paulo.

Antes da aprovação em São Paulo, a Uber já havia iniciado seu serviço em Santos. Segundo a imprensa especializada, o plano da empresa era iniciar o serviço de mobilidade na cidade de São Paulo, mas a burocracia na análise do aplicativo atrasou o cronograma e os planos foram alterados.

A Uber alega que estava perdendo dinheiro enquanto essa alternativa não podia ser lançada e a situação para a empresa era bastante desconfortável. Se a inovação for bem-sucedida em São Paulo, a experiência poderá ser expandida para outros estados do Brasil.

A empresa está iniciando suas operações em um segmento que outras empresas já decidiram abandonar, como Yellow, Grin e Rappi, que deixaram de operar em 14 cidades brasileiras, mantendo a continuidade dos serviços apenas no Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba.

Imagem: Getty Images

Novas regras para operacionalização

Antes de aderir à nova tendência de aluguel de patinetes elétricos, é uma boa ideia estar ciente das novas regras para operar patinetes, incluindo o limite de velocidade e os locais onde eles podem ser usados.

A Prefeitura de São Paulo, por exemplo, publicou um decreto no Diário Oficial do Município, com novas regras para patinetes elétricos, que entrarão em vigor. O decreto estabeleceu que a velocidade permitida para o veículo é de 20 km/h. As locadoras passarão a pagar uma taxa de R$ 0,20 por viagem e uma mensalidade de R$ 30 por patinete. Também foram definidos os locais onde a circulação será permitida.

Foi definida a criação de estacionamentos e áreas especiais para retirada de patinetes das ruas. A cobrança de taxas havia sido regulamentada por decreto provisório em maio e o decreto atual suspende o anterior. Os prestadores de serviços de patinetes elétricos compartilhados terão 60 dias para se adaptar a essa nova regulamentação. Em caso de descumprimento, as empresas serão multadas.

De acordo com as normas do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), os patinetes elétricos se enquadram na categoria de “equipamentos de mobilidade autopropelidos”, ou seja, veículos com alguma forma de motorização e com dimensões de largura e comprimento iguais ou menores que as de uma cadeira de rodas. Os patinetes só podem circular nas mesmas áreas de pedestres, em ciclovias e ciclofaixas, e não podem ocupar as ruas, segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

Os patinetes devem indicar sua velocidade, ser equipados com campainha e luzes para sinalização noturna, dianteiras, traseiras e laterais do equipamento. Segundo o Denatran, caberá ao próprio município e ao Detran do Distrito Federal regulamentar outras normas para disciplinar a circulação e o estacionamento dos patinetes.

Regras de trânsito, velocidade máxima e acessórios necessários

De acordo com o decreto regulamentador do uso de patinetes elétricos em São Paulo, estas são as regras que devem ser seguidas:

1. A circulação de patinetes só será permitida em ciclovias e ciclofaixas, em vias com velocidade máxima permitida de até 40 km/h e em ruas destinadas ao lazer, conforme o Programa Ruas Abertas.
2. A velocidade máxima permitida para o equipamento é de 20 km/h. No entanto, cada usuário, em suas primeiras 10 viagens, deve manter uma velocidade máxima de 15 km/h.
3. As scooters devem ter indicadores de velocidade, sinalização noturna dianteira, lateral e traseira e campainha para sinalização.
4. O usuário deve usar capacete adequado ao equipamento.
5. É proibido o uso de patinetes elétricos por menores de 18 anos.

Há um alto número de acidentes envolvendo patinetes elétricos, segundo pesquisa

O uso crescente de patinetes elétricos, aproveitando a crescente demanda do mercado por essa forma alternativa de mobilidade urbana, trouxe benefícios, mas também preocupações. A Universidade da Califórnia publicou um estudo demonstrando o grande número de acidentes envolvendo esses veículos, o que é demonstrado pelo número de pessoas levadas aos hospitais vítimas de acidentes envolvendo esses equipamentos.

O estudo mostrou que o número de acidentes com feridos aumentou a uma taxa preocupante. Os resultados do estudo mostraram que mais de 39.000 feridos foram causados ​​por acidentes envolvendo patinetes elétricos. Essas vítimas foram tratadas em salas de emergência nos Estados Unidos entre 2014 e 2018.

Entre 2014 e 2018, foi observado um aumento de 222% nos acidentes com vítimas, o que está relacionado ao aumento do número de empresas que oferecem serviços de aluguel e compartilhamento de patinetes.

O estudo mostrou que fraturas foram a lesão mais comum (27% dos casos), seguidas por abrasões e contusões (23%) e cortes ou lacerações (14%). Quase um terço dos pacientes também sofreu algum tipo de traumatismo craniano.

Qual é a solução?

Um dos autores do estudo, Dr. Benjamin N. Breyer, declarou: “Estamos muito preocupados com o aumento significativo de ferimentos e internações hospitalares que documentamos, particularmente no último ano e especialmente entre os jovens.” Deve-se notar que a situação é ainda mais complicada quando consideramos que, no caso dos Estados Unidos, não há assistência médica gratuita.

Embora o Brasil já tenha algumas locadoras de patinetes elétricos atuando em algumas cidades, seu uso ainda não foi regulamentado em todo o país. Para a segurança dos usuários, é preciso proibir o uso desses veículos nas calçadas e exigir o uso de capacete, o que já acontece em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em setembro de 2019, ocorreu a primeira morte no país em decorrência de um acidente envolvendo um desses patinetes, a de um homem de 43 anos em Belo Horizonte (MG), que caiu e bateu a cabeça ao utilizá-lo.

Para quem quiser conferir e ler a pesquisa completa

O trabalho é dos pesquisadores: Nikan Na Namiri; Hansen Lui; Thomas Tangney e outros e foi publicado em janeiro de 2020, no periódico americano JAMA Surgery (Journal of the American Medical Association), com o título original Electric Scooter Injuries and Hospital Admissions in the United States, 2014-2018.

Seu resumo é o seguinte:

As scooters elétricas (e-scooters) são um novo, rápido e conveniente modo de transporte que está cada vez mais acessível nos Estados Unidos. O uso de e-scooters pode reduzir o congestionamento do tráfego e aumentar o uso do transporte público. A expansão de e-scooters em áreas urbanas densas e de alto tráfego impactará os ferimentos dos condutores de maneiras desconhecidas e pode levar a novas políticas que já foram implementadas por algumas grandes cidades. Com o influxo de disponibilidade de e-scooters em áreas urbanas, particularmente no ano passado, buscamos investigar tendências em ferimentos e hospitalizações.