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Colapso da mobilidade urbana e do transporte público

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Protestos de rua começaram com aumento das tarifas do transporte público

As manifestações públicas que tomaram conta do Brasil recentemente começaram com uma questão central – as tarifas do transporte público. O estopim do movimento foi o aumento da tarifa, que em São Paulo passou de R$ 3,00 para R$ 3,20, incluindo ônibus, metrô e trens.

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Os manifestantes exigiam que a tarifa voltasse ao patamar anterior, o que aconteceu não só em São Paulo, mas também no Rio de Janeiro e em diversas cidades do país. Com a continuidade do movimento, após o anúncio da redução da tarifa, a mobilização passou a exigir a qualidade do transporte público.

Na verdade, essa questão estava escondida. Os manifestantes exigiam que o prefeito e o governador retroagissem a tarifa para o valor anterior, o que acabou acontecendo não só em São Paulo, mas também no Rio de Janeiro, além de inúmeras capitais e outras grandes cidades do país, já que o problema é comum a todos.


Para quem acompanha pesquisas de opinião pública sobre transporte público, essa exigência não é novidade. Em São Paulo, por exemplo, moradores reclamam das condições do transporte público há 23 anos, e em 2012 ela era a principal preocupação entre os problemas identificados na cidade.

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No Rio de Janeiro, uma Pesquisa de Opinião Pública sobre Transporte Público realizada com um universo de 1.512 entrevistados constatou que:

  • 81% usam ônibus
  • 31% vans
  • 16% carros
  • 11% o metrô
  • 9% os trens
  • 10% para barcos, táxis e outros

Podemos observar que o metrô do Rio de Janeiro era utilizado por apenas 11% da população até 2004, pois não fornecia serviço suficiente. Quanto à qualidade do serviço, a maioria dos entrevistados estava insatisfeita:

  • 36% sentiram que a qualidade se deteriorou no último ano
  • 31% disseram que o serviço foi o mesmo
  • 29% acreditam que melhorou
  • 4% não souberam responder
O colapso da mobilidade urbana e o debate sobre o transporte público

Imagem: Getty

Negligência com o transporte público

A mobilidade urbana nas principais cidades brasileiras está em colapso. Esse problema afeta o direito de ir e vir dos cidadãos, pois horas são perdidas no trânsito devido ao crescimento do número de carros e motos, à falta de faixas de tráfego, à rede de metrô deficiente e às más condições das vias públicas. Além disso, os trabalhadores gastam grande parte do seu orçamento com deslocamentos para o trabalho.

Parece haver um consenso entre os especialistas de que a receita gerada pelo sistema sozinha não será suficiente para melhorar a qualidade. Investimentos governamentais e subsídios para o transporte público são necessários.

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Essa necessidade é agravada porque os congestionamentos têm um grande impacto negativo, reduzindo a velocidade dos ônibus e exigindo um aumento da frota para transportar passageiros. Isso significa um aumento nos custos operacionais e um consequente aumento nas tarifas.

A redução da tarifa poderia beneficiar muito mais a população, já que ela investe uma certa quantia de dinheiro nela. No entanto, quem paga com descontos e quem paga com vale-transporte também se beneficiaria.

Os automóveis têm sido foco de políticas públicas, que têm priorizado o transporte individual. Particularmente na cidade de São Paulo, com sua frota e gigantescos engarrafamentos, a eficiência do sistema está em discussão. O congestionamento é causado pelo uso excessivo de automóveis, que cresceu nos últimos vinte anos e atualmente ocupa 85% do espaço físico de todo o sistema viário da cidade. Todo o sistema é afetado, impedindo e atrasando a circulação dos ônibus.

Na maioria das cidades e nas vias públicas de São Paulo, os ônibus não têm faixa para uso, o que reduz ainda mais seu espaço. O resultado é que eles ficam presos em longas filas, o que aumenta significativamente seu tempo de viagem. Qualquer melhoria na circulação dos ônibus resultaria em uma economia maior do que os R$ 0,20 que foram alcançados com as mobilizações.

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Engarrafamentos pesados ​​são prejudiciais a todos, aumentando o tempo de deslocamento de todos. Os pedestres também têm que esperar mais tempo para atravessar a rua porque os tempos de semáforo aumentam. Os engarrafamentos levam ao aumento do consumo de combustível e ao aumento das emissões de poluentes na atmosfera, causados ​​por ônibus e carros, que afetam a saúde da população. Isso significa que o custo total dos engarrafamentos, envolvendo perda de tempo, desperdício de energia e impacto na saúde, é da ordem de bilhões de reais por ano.

Portanto, o uso excessivo de carros precisa ser limitado e o transporte público precisa melhorar a qualidade e a velocidade. Ao mesmo tempo, o sistema ferroviário precisa ser expandido e integrado aos ônibus. Não adianta expandir o sistema rodoviário para beneficiar os carros, pois os resultados não favorecem a mobilidade das pessoas; pelo contrário, levam à imobilidade, com todos presos no trânsito.

Investimento em transporte público urbano

O transporte público urbano requer níveis tão altos de investimento em infraestrutura que muito poucos empreendedores estão dispostos a investir grandes quantias de capital neste setor. Por outro lado, uma empresa de ônibus precisa de uma garagem enorme para abrigar a frota e também os serviços mecânicos necessários, instalações de armazenamento e escritórios. Os custos de manutenção de veículos também são altos.


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O setor de transporte envolve um investimento enorme para gerar lucro, o que faz com que poucas pessoas se interessem pelo negócio. Empreendedores que assumem essa atividade passam a exigir privilégios do Estado para manter seus negócios, o que levou a uma situação histórica de isenções fiscais, proteções, subsídios e falências de empresas de transporte público.

As empresas que operam o transporte público agora precisam atender a um grande número de usuários para obter lucro. As tarifas só permanecem baixas quando há um número muito alto de usuários, o que se reflete inversamente na qualidade do serviço prestado.

A lógica do transporte público é que o transporte individual é uma mercadoria que deve gerar lucro, e esse serviço nunca foi visto no Brasil como um direito da população. Nas cidades, ao longo da história do país, o transporte era feito por cavalos, carruagens, etc., entre a elite social e os pobres que só podiam contar com seus próprios pés. Até hoje, aqueles que não têm acesso ao transporte público por não poderem pagar as tarifas são socialmente limitados, restritos às periferias das cidades.

Transporte público e autoridades públicas

O transporte público não é responsabilidade exclusiva do governo, mas somente o governo pode se dar ao luxo de fornecer serviços de transporte público de qualidade sem um aumento correspondente nas tarifas. Os impostos pagos pelos cidadãos podem financiar o sistema, mas não são canalizados para este setor, em grande parte devido ao desperdício de recursos públicos. Melhorar o transporte público significa mais do que apoiar iniciativas privadas ou subsidiar o financiamento de empreendedores do setor. Requer planejamento e investimento governamental direcionados a esta prioridade.

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O futuro do transporte já começou nos países desenvolvidos

O automóvel trouxe uma das maiores mudanças que ocorreram na humanidade desde sua popularização. Cidades foram moldadas para acomodar veículos, a paisagem foi modificada para dar lugar a estradas e grandes investimentos foram feitos para construir a infraestrutura que os automóveis exigem.
Atualmente, estima-se que o número de carros em circulação exceda um bilhão de unidades e essa incrível disseminação ocorreu apenas em um século.

No entanto, o trânsito está nos deixando parados, presos dentro do carro, sem conseguir chegar aos nossos destinos, em meio a engarrafamentos gigantescos.

Talvez essa tendência possa se reverter no futuro, a julgar pelas atitudes em relação ao automóvel em grande parte do mundo desenvolvido.

Consumidores conscientes estão preocupados com o impacto ambiental dos carros. O preço dos veículos está se tornando inacessível para os mais jovens, a ponto de muitos não estarem mais interessados ​​em aprender a dirigir. A possibilidade de acidentes está aumentando a demanda por veículos cada vez mais automatizados ou robotizados, enquanto os carros elétricos parecem ser a opção mais desejada.

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Muito do que sabemos hoje sobre transporte individual e coletivo provavelmente mudará em um futuro próximo, transformando a maneira como usamos os veículos hoje e o tempo que passamos no trânsito.

Por favor, dê sua opinião, que será bem-vinda:

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