Homens e mulheres ao volante? Eles dirigem com segurança

Hoje em dia, as mulheres ganharam uma imagem mais positiva de si mesmas e está provado que elas dirigem com mais segurança do que os homens.

Piadas condescendentes sobre motoristas parecem ter desaparecido com a geração de comediantes do tipo Trapalhões.

Atualmente, nos países do primeiro mundo, as mulheres parecem ter uma imagem mais positiva de si mesmas como motoristas e são até mais seguras que os homens, de acordo com uma pesquisa recente realizada nos Estados Unidos.

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As evidências estão do lado deles: os homens têm 3,4 vezes mais probabilidade do que as mulheres de receber uma multa por direção imprudente e 3,1 vezes mais probabilidade de receber uma multa por dirigir embriagado, de acordo com um estudo da Quality Planning, uma empresa de pesquisa que trabalha para seguradoras.

O estudo afirma que as mulheres são, em média, motoristas menos agressivas e mais cumpridoras da lei, atributos que levam a menos acidentes.

Não que os homens entendam completamente o que está acontecendo.

Outra pesquisa, da MetLife, mostrou que 39% dos homens disseram que eles, homens, são mais seguros.

Os homens estão à frente em um aspecto: conhecimento automotivo.

A pesquisa mostrou que os homens estão mais familiarizados com os equipamentos de segurança atuais, o que ajuda a prevenir acidentes.

Taxas de seguro mais baixas para mulheres

Os homens estão pagando por seu comportamento inseguro.

As seguradoras se concentram em quais classes de motoristas têm menos reivindicações e, por enquanto, isso aponta para as mulheres.

Como resultado, as taxas de seguro de automóveis são mais baixas para mulheres na maioria dos países.

Maiores taxas de mortalidade para os homens

Os homens se saem particularmente mal quando se trata de estatísticas de mortalidade.

Mais de 11.900 motoristas homens morreram em acidentes de trânsito nos EUA em 2009, em comparação com pouco menos de 4.900 motoristas mulheres, de acordo com um estudo do Insurance Institute for Highway Safety.

Mulheres ao volante, o que dizem as estatísticas

Os números mostram que as mulheres dirigem com mais segurança e sofrem menos acidentes.

No Brasil, ainda é comum ouvir que mulher e direção não combinam, mas não é isso que as estatísticas mostram. Segundo o Infosiga SP, que coleta e analisa dados com base em boletins e registros da Polícia Civil (RDOs) e da Polícia Rodoviária Federal no estado de São Paulo, as mulheres se envolveram menos em acidentes graves de trânsito em 2017, com apenas 6,4% dos motoristas nesses tipos de acidentes sendo do sexo feminino, em comparação com 93,1% do sexo masculino.

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Segundo a Infosiga SP, em 94% dos acidentes fatais, a falha humana é a principal causa.

O comportamento do motorista é o principal fator no trânsito, seja ele homem ou mulher, em qualquer tipo de veículo.

Não há diferença que justifique que os homens sejam mais capazes de dirigir do que as mulheres.

Mas o que acontece é que as mulheres são menos agressivas.

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Raízes psicológicas do comportamento de condução de homens e mulheres

Para Silvia Lisboa, coordenadora do Movimento de Segurança no Trânsito de São Paulo, os homens são estimulados a serem competitivos e agressivos, enquanto as mulheres têm um senso mais cauteloso e empático, tendências que se refletem no comportamento ao volante.

Ao se depararem com uma manobra como uma ultrapassagem ou uma “cortada”, muitos homens se sentem atacados e querem retaliar.

A mulher tende a reduzir os danos.

Segundo pesquisas no mundo todo, o perfil masculino de maior agressividade e confronto hoje é causado por fatores socioculturais, inclusive na hora de dirigir um veículo.

Parece que características masculinas também estão associadas aos carros, quando o marketing explora aspectos como potência e aceleração.

Isso estimula um comportamento competitivo ao volante, que já é muito presente no universo masculino e é um fator que merece ser analisado no planejamento de políticas de segurança no trânsito.

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Os psicólogos acreditam que os homens parecem usar os veículos como um objeto de dominação sobre o ambiente e o espaço, usando velocidade, torque e potência do motor.

A afirmação também foi feita pelo psicólogo Renan da Cunha Soares Junior, representante do Conselho Federal de Psicologia na Câmara Temática de Saúde e Meio Ambiente, do Departamento Nacional de Trânsito.

A cultura tem componentes sexistas que também impedem os homens de expor totalmente suas emoções.

Sensações estomacais que não são expressas de outra forma podem ser externalizadas quando os homens estão ao volante.

Seria uma atitude de “descontar” o sentimento acumulado.

Segundo Ingrid Neto, doutora em psicologia do trânsito, na nossa cultura o homem tem poucos espaços para expressar suas emoções, o que muitas vezes acaba levando-o a extravasar sua raiva e agressividade no trânsito.

Comentários sobre mulheres serem mais lentas e atrapalharem o trânsito podem não ser exatamente verdadeiros, mas simplesmente o fato de que elas estão dirigindo na velocidade correta, enquanto aquelas que reclamam querem ignorar as placas de trânsito ou dirigir acima do limite de velocidade.

Isso parece incomodar aqueles que querem infringir as leis de trânsito.

A consequência natural é que as mulheres acabam se envolvendo em menos acidentes.

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O que as estatísticas mostram é que as mulheres não são um problema no trânsito, pelo contrário, o machismo é o que causa problemas no trânsito.

O fato de haver mais motoristas homens não pode ser usado como razão para explicar por que os homens se envolvem mais em acidentes graves.

Já existem estudos realizados que mostram que os resultados são estatisticamente proporcionais, quando se considera o mesmo número de motoristas homens e mulheres.

Em estudos psicológicos, o resultado foi o mesmo, o que levou à conclusão de que há uma característica comportamental de acordo com o gênero.

O número de mulheres qualificadas no Brasil, segundo pesquisa do Ministério das Cidades, mostra que houve aumento, passando de 33,8% em 2015 para 34,4% em 2017.

Esse aumento é pequeno, mas considerável e, mesmo assim, a taxa de homens mortos no trânsito, como em São Paulo, cresceu de 77%, em 2015, para 81,5% em 2017, segundo dados do Movimento Paulista de Segurança no Trânsito.

Onde o gênero não importa

A vantagem que as mulheres tinham em evitar direção agressiva pode estar diminuindo entre os adolescentes, em grande parte por causa da direção distraída.

Um número crescente de motoristas adolescentes se envolveu em acidentes ou quase acidentes por conta de distração ao dirigir com celulares, tocadores de música e outras causas, de acordo com uma pesquisa copatrocinada pela Liberty Mutual.