Os carros não são mais uma prioridade entre os jovens?

Os jovens não estão mais tão interessados ​​em dirigir quanto a geração de seus pais? Uma carteira de motorista não é mais tão desejável para os jovens quanto já foi. Descubra as razões por trás dessa falta de interesse.

Dados da Feneauto – Federação Nacional das Autoescolas e Centros de Formação de Condutores mostram que a situação econômica do país, o medo de dirigir no trânsito caótico das grandes cidades, além das novas opções de mobilidade, levam os jovens a desistirem da carteira de motorista.

Nas décadas anteriores, possuir um carro era símbolo de maturidade, status e autonomia.

Atualmente, há uma crescente falta de interesse dos jovens por carros, o que tem sido identificado pelo setor automotivo e pelas escolas de direção.

Os motivos alegados incluem, além da crise econômica, os custos de manutenção do próprio carro, o trânsito congestionado e os aplicativos de transporte.

Segundo a Feneauto, muitos jovens não consideram a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) como prioridade.

Para o Sindicato dos Centros de Formação de Condutores do Mato Grosso do Sul, esse fato começou a ganhar destaque a partir de 2015, com o surgimento da crise econômica e o concomitante surgimento dos serviços de aplicativos de transporte por celular.

Os dados mostram que, no Distrito Federal, a emissão de CNHs caiu 45% em três anos.

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Por outro lado, muitos jovens estão querendo adiar a obtenção da carteira de motorista.

Isso ocorre porque as famílias estão enfrentando maiores dificuldades financeiras e precisam direcionar seus recursos para outras prioridades, como escolas e cursos para os filhos.

Até alguns anos atrás, o sonho dos meninos de classe média era poder dirigir seu próprio carro quando completassem 18 anos.

Atualmente, eles estão analisando os custos de IPVA, seguro, manutenção, trânsito nas cidades e medo de acidentes.

Além disso, em decorrência da Lei Seca, que impõe multas pesadas para quem dirige sob efeito de álcool, muitos acabam optando por outras formas de transporte, como aplicativos de celular.

O transporte público, especialmente os ônibus, também está sendo mais utilizado, o que tem um efeito positivo, pois os usuários jovens podem exigir do poder público um serviço de qualidade e melhores condições de mobilidade urbana.

Com a diminuição da procura por aulas, em um momento de incertezas, a margem de lucro das autoescolas vem caindo, segundo a Feneauto, o que tem obrigado muitas a reduzir o número de funcionários e a frota de veículos.

No Distrito Federal, a emissão total de CNHs (incluindo novas, renovações, segundas vias e mudança de categoria) vem diminuindo desde 2015.

Naquele ano, foram emitidos 554.554 cartões.

Em 2016, o número caiu para 386.422, em 2017, estabilizou-se em 392.147 e, em 2018, caiu ainda mais para 333.952.

A redução afeta todas as faixas etárias, mas é particularmente perceptível entre motoristas de 18 a 24 anos.

Em 2015, havia 26.537 motoristas iniciantes nessa faixa etária.

Em 2018, o número caiu drasticamente para 14.581, uma redução de 45%.

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Até seis anos atrás, poucos previam a popularização dos aplicativos.

Atualmente, até mesmo veículos que não precisam de motoristas estão sendo testados.

Em pouco tempo todo o cenário pode mudar e as autoescolas perderão ainda mais clientes no segmento mais jovem do público.

De acordo com analistas econômicos, há uma tendência para os próximos cinco anos de diminuição do interesse em possuir carros e aumento da demanda por compartilhamento de veículos e uso de soluções alternativas, como bicicletas e patinetes.

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Pesquisa de mobilidade

Uma pesquisa recente apresentada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em novembro de 2018, analisou a questão da mobilidade em relação às diferentes gerações.

A pesquisa realizou entrevistas com 1.789 pessoas de 11 capitais: São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Recife e Salvador.

Os resultados apresentados foram classificados como surpreendentes. Na faixa etária de 25 a 35 anos, apenas 39% dos entrevistados possuíam carro.

Entre os mais jovens, de até 25 anos, o percentual é ainda menor: 23%.

Entre aqueles que não possuem carro, 31% disseram que não querem comprar um carro nos próximos cinco anos.

O mesmo foi dito pelos entrevistados na faixa etária de 36 a 55 anos.

Entre os mais jovens, de até 25 anos, 30% não tinham interesse algum em comprar um carro.

Quem não possui CNH, em 8% dos casos, não pretende obter o documento.

O que é surpreendente é que saber dirigir é considerado um fator que aumenta as chances de conseguir um emprego.

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A tendência também ocorre entre os americanos

Os jovens americanos também estão dirigindo menos que seus pais.

Infelizmente para as empresas de automóveis, os jovens de hoje, adolescentes e aqueles na faixa dos vinte anos, não estão muito interessados ​​em comprar seu próprio carro, como observou o analista Jordan Weissmann em uma postagem no site TheAtlantic.com.

Os jovens não estão particularmente interessados ​​em dirigir, como também afirmou um documento do American PIRG Education Fund.

A tendência é inédita e destacou alguns indicadores, como:

– O número médio de veículos dirigidos por jovens nos Estados Unidos diminuiu 23% entre 2001 e 2009.

– O número de jovens de 14 a 34 anos que foram pegos dirigindo sem carteira aumentou em 5%, de 21% em 2000 para 26% em 2010, de acordo com a Administração Federal de Rodovias.

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Os jovens estão usando mais bicicletas e caminhando.

O número de pessoas que usam bicicletas aumentou em 24% e o número de pessoas que vão caminhando até o destino aumentou em 16%.

Parte das razões para essa mudança é financeira.

Um relatório calculou que o custo médio anual de possuir um carro, somado ao preço do combustível, fez com que jovens desempregados decidissem que não têm condições de ter um carro e gastar dinheiro em outras coisas.

Uma pesquisa da Zipcar/KRC descobriu que 80% dos jovens de 18 a 34 anos dizem que o alto custo de gasolina, estacionamento e manutenção torna muito difícil ter um carro.

Mas o dinheiro não explica tudo.

Os jovens estão optando por não dirigir e aumentaram muito o uso do transporte público, até 100%, com o ciclismo aumentando 122% e a caminhada aumentando 37%.

O abandono dos carros faz parte de um novo estilo de vida adotado pelos jovens americanos, que estão dando menos importância aos carros grandes e mansões como símbolos de status e itens essenciais em suas vidas.